sábado, 31 de dezembro de 2011

O exílio de Deus.

O exílio do Sagrado nos grandes e pequenos museus do mundo é um dos mais crescentes e preocupantes fenômenos consequentes da visão materialista, individualista e, por conseguinte, ateísta da humanidade.
Ao transformar Deus em apenas peças de artes, o homem, o materializa e atribuí a Ele o que chamamos de impessoalidade, ou seja, Deus, de pessoa, torna-se um simples objeto de manipulação. Cria-se um deus sem vida, um deus amuleto e, portanto, um deus sem nenhum afeto ao próprio ser humano.
O deus dos museus, não é um Deus. É apenas imagem. Exposto nos vitrais, sem caráter divino, nos fala de um processo histórico, mas é incapaz de nos falar de vida, de liberdade, de dignidade, de salvação. O deus dos museus é sagrado, não porque é Deus, mas pelo fato de ter sido transformado em uma valiosa peça de arte.
Entristece-me como as pessoas, se de modo simples, consciente ou ingênuo tem colaborado na difusão do exílio de Deus ao construir em suas casas os seus pequenos museus sagrados. São aquelas que pressupõem sua fé e a proteção de Deus, pelo demasiado número de imagens que possuem esquecidas em seus mais belos oratórios, mas que pouco se comprometem com a transformação das realidades mais gritantes do seu redor.
Não raro é em nossa época, encontrar-nos com pessoas que nos levam de encontro a uma coletividade de imagens, na maior parte das vezes, empoeiradas, esquecidas da presença humana, que não nos revelam outra coisa, senão, a sujeira e o desleixo daqueles que dizem ter fé. Isso é o que considero como museus sagrados, exílio da divindade.
O deus que o mundo quer nos oferecer, preso nos vitrais dos museus, ou nos oratórios, carcomido pelo esquecimento do indiferentismo ateísta da humanidade é incapaz de sentir os anseios do coração humano e o ritmo do nosso tempo. Tem um grande valor artístico e material e nenhum valor verdadeiramente espiritual e salvífico.
É preciso sim, que acreditemos em Deus, um Deus que se pareça conosco, vivo, sensível, jovem, que sente o ritmo do tempo. Um Deus que está além dos oratórios, de qualquer pessoalidade, raça, cor, língua, escolhas, preconceitos ou discriminações.
O Deus que acredito é o que se parece conosco, que se revela no presépio, na páscoa e em todas as realidades da pessoa humana, capaz de sentir e afeiçoar-se por nós. Um Deus que nos leva de encontro com a realidade e nos faz querer transformar o mundo com a nossa parcela de colaboração. Qual é o Deus da sua fé?

Pe. Marcos Aurélio Ramalho

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Homilia de Ano Novo

Meus Irmãos e Irmãs,
Começaremos, dentre em poucos, um novo ano. Uma vez mais somos chamados a deixar a Terra firme e lançar nosso barquinho no oceano de novidades e, claro, de possibilidades. Nenhum tempo é igual a outro, portanto, temos diante de nós uma única e nova razão: a de sonhar e encontrar, entre tantas razões, a razão de ser do nosso ser, a razão de sermos felizes. Somos, quando temos razão para ser!
Se no Natal, nossa alma ganha, com o nascimento do Menino Jesus, uma tonalidade excepcional; no ano novo, temos de modo singular a oportunidade de sermos os coloristas da aquarela que sonhamos. Deus é em e nós somos em Deus. Deus é em nós o nosso Pai e nós somos em Deus os seus filhos. A certeza desta união inseparável nos motiva a começar sem temor, uma nova etapa, um novo ano. Acolher com criatividade esta dádiva é a chave que deve abrir-nos um novo panorama de vida e a coragem a primeira das qualidades humanas que dará a tonalidade do cenário que imaginamos.
É preciso que em meio a primavera de um novo tempo, sintamo-nos como novas criaturas, como humanidade visitada, amada e abençoada por Deus ( cf. Nm 6,22-27)e, “não somente, como indivíduo desperdiçado, como vemos desperdiçadas pela natureza as flores isoladas. Esse é o sentimento que deve estar além de todos os sentimentos”.( Nietzsche). Deus está em nós e nós estamos em Deus! Deus é em nós o nosso Pai e nós somos em Deus os seus filhos. (cf. Gl 4,4-7) Deus fez de nós uma família, deu-nos um Irmão que é Jesus, uma Mãe que é Maria e se fez o nosso Pai. Deus é Pai, Nosso Pai! Descubramos Deus em nossa humanidade e nós na divindade humana de Deus. Esta é a razão que temos para sermos felizes: Somos em Deus e Deus é nós! Glorifiquemos a Deus por tudo que vimos e ouvimos. Guardemos e meditemos todos esses fatos em nosso coração. (cf. Lc 2, 16-21). Um abençoado ano novo a todos.

Pe. Marcos Aurélio Ramalho

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Deus é grande, Deus é Bom, Deus é Pai!

Amados irmãos/as;
Deus sempre quis marcar a história do povo com o seu amor e garantir a Salvação daqueles que nele acreditam. É desejo de Deus ficar muito perto, viver conosco, falar ao coração de cada um de nós; fazer de nós casa santa, sua eterna morada. É desejo de Deus reconhecer e chamar-nos pelo nome. O Senhor, nos ama. E somente a Ele devemos entregar o nosso coração.
Deus é grande, Deus é Bom, Deus é Pai! Ele nos faz comunidade pra vivermos como irmãos e caminharmos sem parar. Abramos, pois, a Ele nossa alma e o acolhamos com alegria.
“Todos têm a beleza do que eles próprios são”. E o que somos? Filhos de Deus - Este é o grande presente de amor que Deus nos deu. Esta é a beleza que vemos e que nos fala ao coração.
O Evangelho de hoje nos coloca diante de três realidades – A necessidade de trabalhador para vinha, o mandato do pai e a resposta dos filhos.
A vinha é mundo que precisa ser cultivada, transformado em espaço de salvação para coração de Deus. Mundo esse que não se transforma por si mesmo. Carece o nosso trabalho, a nossa dedicação e colaboração. Os filhos somos todos nós. O primeiro é figura dos pecadores que se convertem ao anúncio do Evangelho. O segundo é figura daqueles que se consideram justos e não precisam de conversão. São indiferentes, tem consciência do é que preciso, mas nada fazem para transformar a realidade.
São aqueles que pensam e dizem: o padre vai embora, agora tudo vai acabar. Peço a vocês não pensem assim. Os Céus e a Terra passarão, mas a Palavra de Deus não passará. Continuem celebrando a fé, testemunhando a Jesus Cristo, com alegria e simplicidade. Não percam tempo, o reino tem pressa e precisa de nós. Quando vier o outro padre apresentem a ele as coisas bonitas que Deus tem feito na história de vocês.
O testemunho de Santa Luzia, nos toca profundamente e abre-nos os olhos da alma, da fé, para que conheçamos a Deus e compreendendo os seus ensinamentos nos coloquemos no caminho da nossa salvação. Santa Luzia à semelhança de todos os santos é modelo do filho que se converte e que se deixa tocar pelo evangelho. É modelo do filho que não se esquece de Deus e por isso mesmo lhe oferece o seu amor.
Também nós devemos dar continuidade ao testemunho dos santos. Colocar nossos dons a serviço de Deus, da comunidade, da Igreja. Aproveitar as oportunidades para celebrar a fé, assim como vocês têm feito. Bendigamos a Deus em todo tempo, tenhamos sempre o louvor do senhor em nossa boca. Devemos prestar ouvidos ao apelo de Deus, ter confiança no Senhor. Assim Ele nos salvará e nos reunirá sempre como seu povo, o pequeno resto de Israel.
Santa Luzia é a coluna de luz que Deus e vocês escolheram para alumiar o caminho desta comunidade. Que ela lhes faça conhecer cada vez mais ao Pai e ao Filho Salvador.
O que posso dizer-lhes? Nada, senão muito obrigado. Deus lhes abençoe, esta comunidade é um tesouro preciso no coração de Deus. Ele mesmo a encheu de carinho e por isso ela deu mais fruto e tornou-se fonte de Salvação.
Pe. Marcos Aurélio Ramalho

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ata de criação da Comunidade de Santa Luzia, da Ponta da serra.

Somos colaboradores de Deus. Paulo Apóstolo nos convida ao acolhimento deste dom. Seu convite nos leva de encontro ao direito de viver, celebrar e anunciar a encarnação de Deus em nossa história e na história do povo. Devemos ser sinal de esperança no coração do mundo e mundo ser espaço de salvação no coração de Deus.
É com sentimento de júbilo que rabisco, como certidão, estas palavras, para dizer do nascimento da simpática Comunidade de Santa Luzia, da Ponta da serra. Dizem os sábios, que não há alegria maior, do que a do nascimento de um filho, e que, por isso mesmo, nasce ele uma única vez. Esta comunidade, como reza o bendito de sua padroeira, é um tesouro fino, gestado na novena do Natal de 2010. Nasceu sob as bênçãos de São José, o guarda da casa de Israel, servo fiel do Senhor, há dezenove de março de 2011. E será acompanhada e protegida pela reluzente intercessão de Santa Luzia.
Os pais hão de contar para seus filhos: - meninos eu vi! Vi a primeira Missa rezada nesta comunidade. Teve seu início, às dez horas da manhã, sob um sol causticante, na casa do Romulo e de sua família, porta de entrada da nossa comunidade. O Sol, luzeiro divino, servia de vela para o altar sagrado, quando, na hora do Pai nosso, a nuvem do Senhor nos cobriu, e, inesperadamente uma chuva caiu sobre todos nós. E como se não nos bastasse, choveu naquele dia, somente naquela hora e naquele local. Os que lá estavam são testemunhas do sinal Deus, no início desta caminhada. – meninos eu vi! “O Senhor ia diante deles, de dia numa coluna de nuvem, a fim de mostrar o caminho, e de noite numa coluna de fogo para alumiar, a fim de que pudessem caminhar de dia e de noite”. (Ex 13,21). De fato, o Senhor caminha conosco por meio do testemunho dos seus santos, colunas da Igreja. São José, o protetor da casa de Israel, é a coluna de nuvem que Senhor escolheu para abri-nos o caminho e Santa Luzia, pelo próprio nome, a coluna de fogo que Deus e o povo escolheram para alumiar o caminho desta comunidade.
O testemunho de Santa Luzia, nos toca profundamente e abre-nos os olhos da alma, da fé, para conhecermos a Deus e compreender os seus ensinamentos que nos colocam no caminho da nossa salvação. Ele nos alegra e nos move no seguimento de Jesus Cristo. Por ele, somos chamados a anunciar, as coisas bonitas de Deus em nossa história e na história do povo. Que Santa Luzia, nossa Padroeira, abra-nos os olhos da alma, aumente a nossa fé, fortaleça a nossa esperança e enriqueça o nosso amor a Cristo e aos nossos irmãos e irmãs.
Dai-nos a bênção, ó Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida! Dai-nos a Benção do Eterno Dia, ó virgem pura, Santa Luzia. “Oh, Santa Luzia, ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer”.


Monte Alegre de Goiás-GO, 03 de Dezembro 2011, Memória de São Francisco Xavier.


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Pe. Marcos Aurélio Ramalho Alves
Pároco

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O ser mais criativo e audacioso da face da terra!

O Senhor nos convida a esperá-lo com criatividade e audácia. Certo dia alguém me perguntou: Padre, qual é o ser mais criativo e audacioso da face da terra? E eu lhe disse: A mãe de uma família pobre. A pessoa ficou me olhando sem entender a minha resposta. Completei meu pensamento, somente a mãe de uma família pobre é capaz de transformar um grão em um banquete para saciar doze pessoas. A pessoa me retrucou dizendo: Isso é impossível, é exagero! Eu disse: não, não é impossível, porque ela não tem medo de amar, o ser que ama é ousado e criativo.  

Isso é o que nos convida a liturgia de hoje, com a parábola dos talentos, o Senhor nos convida a esperá-lo com criatividade e audácia, na Igreja, na família, na sociedade.

Qual é hoje, a pior doença e que mais afeta o ser humano? Muitos irão me dizer: o Câncer, a AIDS, a Corrupção, o Diabetes, a Depressão... E eu simplesmente diria: O medo.   

O mundo criou uma sociedade do medo.  Medo do tudo, medo do nada, medo de nós mesmos! O medo afeta o coração humano e espalha no homem a sensação da perda. Perda daquilo que nem mesmo chegou a possuir. Não é raro em nosso tempo escutar das pessoas: Hoje estou com um sentimento enfadonho de vazio, de insegurança, parece que vou perder alguma coisa. Se você pergunta o que?  Logo a pessoa responde: Não sei.  

É impressionante como as pessoas tem medo da morte, mas não tem coragem de enfrentar a vida. Culpa o demônio de tudo, mas não tem coragem de ser bom, amar e colocar Deus em primeiro plano. Reclamam da miséria, mas não tem coragem de trabalhar e ser justas no trabalho. Criticam da desigualdade, mas não tem coragem de por fim na corrupção. Não gostam das trevas, mas tem medo da luz.

O medo tira de qualquer pessoa a criatividade, e, portanto, a impede do crescimento. Neste caso, temos mais ainda, a visão errada de Deus. Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Cf. Mt 25,24-25.  

A primeira atitude do medo é o julgamento, a desconfiança, o ciúmes, a inveja, a insegurança, a ganância, o ódio, a vingança, a incerteza. – o inferno. Tudo isso limita a capacidade de amar, tira das pessoas a criatividade e a leva a esconder os talentos que Deus lhe confiou, para que participassem da construção do reino dos céus. Não deixemos a nossas habilidades para serem trabalhadas depois. O senhor chegará como o ladrão da noite ou como as dores do parto sobre a mulher grávida. Cf. Mt 24, 3.

A Igreja não pode ser chagada pelo medo, pelo conformismo, pelo descompromisso.  O medo destrói a harmonia interior e nos incapacita de amar. Uma Igreja com medo é uma Igreja sem fé, que não conhece a Cristo. Cristo nos diz a cada instante: “coragem, sou eu, não tenhais medo”! Meus irmãos/as, Deus é amor! Arrisquemos viver por amor!  

Um amedrontado não ama; um ciumento não ama; seu coração não corresponde à missão que Deus lhe confiou, administrar os dons que ele lhe deu. Quais são os seus medos? Quais são os seus talentos? O que você tem feito com eles?

Uma pessoa corajosa é movida por ideal de trabalho, de compromisso, de generosidade, de justiça, de fraternidade e de amor a Deus. Este é o ideal da esposa sábia que a primeira leitura se refere nesta noite. Da mãe de uma família pobre.

Ser sábio é procurar pelo sentido que damos à nossa vida. Uma pessoa que não se preocupa com aparência e sim em viver o amor a Deus. Em dirigi com eficiência, dedicação e com empenho sua casa. Deus nos chama para sermos testemunhas, conscientes, comprometidas da salvação. Deus deu a todos os homens preciosos talentos, dons, para que os homens se comprometessem na construção do reino celeste e participassem da sua alegria. O que você tem feito com os seus talentos?
                                                                       Pe. Marcos Aurélio Ramalho 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

“Um santo moderno, tipo assim, um brother do nosso tempo”.

Celebramos com toda Igreja no Brasil, de uma só vez, a festa daqueles que se parecem com Deus e conosco. Unimo-nos aos que vivem em profunda comunhão com Deus - Os “Bem aventurados”, aqueles que estiveram no mundo e na vida souberam acima de tudo amar a Cristo e a seus irmãos. Desejaram, e por isso, hoje, se sentam à mesa de Deus, partilham de sua vida, fazem parte da família divina. Celebrar os santos é celebrar a festa da grande família de que nós fazemos parte.

A santidade é hoje, uma proposta que pouco interessa às pessoas, porque, muitas ainda pensam que ser santo é deixar de ser gente ou que santidade seja anormalidade ou perfeição, algo impossível e desmotivador para qualquer pessoa.  

Para algumas, santo é aquele que faz milagres, que vive sempre rezando, não sabe falar de outra coisa que não seja de religião. E porque é santo deve estar separado, trazer nas mãos um distintivo, um rosário, crucifixo grande no peito, cabeça coberta por um véu, se vestir de roupas fora da época. Não deve ir a uma festa, não deve dançar, não deve tomar uma cerveja, não pode namorar e muito menos se vestir com uma roupa decotada. Para ser santo é preciso se conformar com tudo e estar sempre de cabisbaixo – Se tal pessoa é e vive assim, é santa, não tem pecado!  Pensam os santos como pessoas separadas deste mundo, completamente fora do tempo e do espaço. Você se acha parecido com este Santo?

Somos membro da uma mesma família, no seu amor, Deus, nos fez filhos, isso já nos é o principio de santidade, ser filhos de Deus. Um Deus que é Santo. Ele nos fez diferentes, para sermos diferentes. Os membros de uma família, nas suas diferenças, trazem no rosto traços em comum que os identificam como família. Nós como família de Deus devemos trazer no rosto traços que nos identificam como família.  Se hoje, Deus e a santidade não despertam interesses nas pessoas é porque nós ainda estamos pintando um rosto de um Deus e um modelo de uma santidade que nada se assemelha a nós ou ao próprio Deus.  Nós não nos achamos parecidos com o Deus que alguns anunciam e dizem que somos a sua imagem e a semelhança. Santidade é coisa para gente e gente deste mundo.

Deus é família, ele se parece conosco, Jesus Cristo se fez um de nós para que nós nos fizéssemos um com Ele. Santidade não é estranheza da realidade e muito menos modismo. Ser santo é sentir-nos parecidos com Deus, um Deus que se parece conosco.  É ter uma existência movida por um ideal de vida, de fraternidade, de acolhimento, de respeito, de liberdade, de justiça, de colaboração, de gratuidade, de amor e de paz. É ter coragem de colocar Deus como Pai, em primeiro plano na nossa vida. Você se acha parecido com este santo?  

É preciso que pensemos na imagem dos santos modernos, tipo assim, um brother do nosso tempo, que usa calça jeans e tênis; cabelo moicano; topeto alongado; roupas coladas no corpo. Um santo que curte baladas, pancadão, usa tatu nos braços, brinco nas orelhas, maquiagem no rosto, esmalte nas unhas, gosta de navegar na net, facebook, msn, orkut, blogs, e-mail, um santo twitteiro, mas que, interligado nas ondas da salvação. Um santo que sabe curtir a vida e os amigos com responsabilidade e livre de qualquer preconceito. Um santo que tenha robe; goste de shopping, celular, notebook, carro, bike, um santo que masca tridente; toma Coca-Cola, que gosta de esportes, de radicalidade e de tudo o que faz a diferença.  Você se acha parecido com este santo?

Um santo que ama apaixonadamente o mano que é Jesus e que não se envergonha de sentar no banco da praça e tomar uma cerveja ou comer uma pizza no fim semana com os amigos. Um santo que cultive uma boa e íntima amizade com Deus. Precisamos de santos, abertos, sociáveis, normais, amigos, alegres, companheiros, que ame o outro como seu irmão. É possível um santo assim? Você se acha parecido com este santo? Se você pensa não ser possível, correremos o sério risco de não ter mais santos na Igreja e os que temos cair no esquecimento.  Ser santo não é deixar de ser gente. 

Pe. Marcos Aurélio Ramalho
peramalho27@hotmail.com

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Como o Senhor vive, nós também viveremos eternamente.

A Igreja dedica um dia do ano litúrgico para que rezemos especificamente pelos falecidos. Embora seja este chamado “Dia de Finados”, não é ele para nós, um dia de Culto aos mortos, e sim, da nossa mais profunda comunhão com Deus, para quem tudo vive.  

Fazemos neste dia, em comunhão com toda Igreja, memória do Filho de Deus. Na Santa Missa, celebramos o Mistério Pascal de Cristo, da sua paixão que nos salva, da sua gloriosa ressureição e ascensão ao céu. Por Ele, Deus nos amou e escancarou para nós as portas do céu.  

Apesar de hoje ser um dia marcado pelo sentimentalismo é também um dia muito bonito, as velas e a oração do povo iluminam as trevas da tristeza e do esquecimento, como na noite do Natal. No Natal, celebramos o nascimento da vida eterna para este mundo, Deus se lembra de nós, e entra em nossa história. Hoje, celebramos o nascimento deste mundo para a vida eterna, nós nos lembramos de Deus, e entramos na sua história – A história da salvação.

Junto às velas que ascendemos nos cemitérios, devemos ascender também a nossa esperança na ressurreição, pois, pela vida de Cristo seremos salvos! A oração, a saudade e as peregrinações que marcam o dia de hoje, devem-nos ser caminho para reflexão sobre a brevidade da nossa existência e para a tomada consciência do valor da vida como dom precioso de Deus.  

Fomos criados para a eternidade, pois fomos criados por Deus, para Deus e Deus é eterno. A Esperança Cristã não decepciona, por que o amor de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que recebemos no nosso Batismo.

Cristo é a prova do amor de Deus por nós, Ele morreu e ressuscitou. E como o Senhor vive, nós também viveremos eternamente. Todo aquele que vê o Filho e nele crê tem a vida eterna.

Muitas são as pessoas que se aproximam de nós e nos dizem: Deus tem um projeto em sua vida? Com outra pergunta tentamos responder a inquietação que isso nos causa: qual será o projeto de Deus para comigo? E logo nos vem ao coração, o medo, a incerteza, o fracasso, o nada, a morte. O que nos causa tristeza. Parece-nos que Deus só tem algum projeto para conosco quando nossa vida é fracassada. Parece-nos que o céu é para os fracassados, não!

Qual é o projeto de Deus para nós? Realização plena, felicidade completa e definitiva, vida e vida em plenitude – Salvação. É desejo de Deus que nenhum de nós se perca neste mundo. Cada missa que participamos é um passo para o céu. Recebemos nela, o Corpo e Sangue de Cristo Jesus, Corpo e Sangue da Nova e Eterna Aliança que nos são dados para a vida eterna.

No intimo de todos nós deve estar o desejo de sentar-nos à mesa de Deus, partilhar de sua vida, fazer parte da família divina, com a Virgem Maria, os santos e todos que na vida souberam amar a Cristo e seus irmãos. Isso é o que resulta na felicidade total - Vida eterna.

O homem não está abandonado à sua própria sorte.  A consciência da ressurreição de Cristo ilumina nossa existência e nos enche de serenidade, esperança que se renova nesta peregrinação terrestre rumo ao céu. E qual é a esperança que deve se renovar em nós? De chegarmos todos á morada eterna, onde viveremos sempre com Deus, na sua paz. Como o Senhor vive, nós também viveremos eternamente.   



Pe. Marcos Aurélio Ramalho

Monte Alegre - GO 02-10-2011.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Para você fazer uma boa confissão é preciso examinar a sua consciência, com a luz do Espírito Santo, com coragem, e nada a esconder do sacerdote, que ali representa o próprio Jesus.


 
1 :: Amo a Deus mais do que as coisas, as pessoas, os meus programas?

Ou será que eu tenho adorado deuses falsos, como o prazer do sexo, antes ou fora do casamento, o prazer da gula, o orgulho de aparecer, a vaidade de me exibir, de querer ser "o bom", etc.?

2 :: Eu tenho, contra a lei de Deus, buscado poder, conhecimento, riquezas, soluções para meus problemas em coisas proibidas, como: horóscopos, mapa astral, leitura de cartas, búzios, tarôs, pirâmides, cristas, espiritismo, macumba, candomblé, magia negra, invocação dos mortos, leitura das mãos, etc.? Tenho cultivado superstições? Figas, amuletos, duendes, gnomos e coisas parecidas? Procuro ouvir músicas que me influenciam provocando alienação, violência, desejo de sexo, rebeldia e depravação?

3 :: Eu rezo, confio em Deus, procuro a Igreja, participo da Santa Missa nos domingos? Eu me confesso? Comungo?

4 :: Eu leio os evangelhos, a Palavra viva de Jesus, ou será que Ele é um desconhecido para mim?

5 :: Eu respeito, amo e defendo Deus, Nossa Senhora, os Anjos, os Santos, as coisas sagradas, ou será que sou um blasfemador que age como um inimigo de Jesus?

6 :: Eu amo, honro, ajudo os meus pais, ou meus irmãos, a minha família? Ou será que eu sou "um problema a mais" dentro da minha casa? Eu faço os meus pais chorarem? Eu sou um filho que só sabe exigir e exigir? Eu minto e sou fingido com eles?

Vivo o mandamento: "Honrar pai e mãe"?

7 :: Como vai o meu namoro? Faço da minha garota um objeto de prazer para mim? Como um cigarro que eu fumo e jogo a "bita" fora? Ela (e) é uma "pessoa" com a qual quero conviver ou é apenas uma "coisa" para me dar prazer?

8 :: Eu vivo a vida sexual antes do casamento, fora do plano de Deus? Eu peco por pensamentos, palavras atos, quanto a esse assunto: Masturbação, revistas pornográficas, filmes, desfiles eróticos, roupas provocantes? Vivo o homossexualismo?

9 :: Eu respeito meu corpo e a minha saúde que são dons de Deus? Ou será que eu destruo o meu corpo, que é o templo do Espírito Santo, com a prostituição, com as drogas, as aventuras de alto risco, brigas, violências, provocações, etc.?

10 :: Sou honesto? Ou será que tapeio os outros? Engano meus pais? Pego dinheiro escondido deles? Será que eu roubei algo de alguém, mesmo que seja algo sem muito valor? Já devolvi?

11 :: Fiz mal para alguém? Feri alguém por palavras, pensamentos, atitudes, tapas, com armas? Neguei o meu perdão a alguém? Desejei vingança? Tenho ódio de alguém?

12 :: Eu falo mal dos outros? Vivo fofocando, destruindo a honra e o bom nome das pessoas? Sou caluniador e mexeriqueiro? Vivo julgando e condenando aos outros? Sou compassivo, paciente, manso? Sei perdoar, como Jesus manda?

13 :: Sou humilde, simples, prestativo, amigo de verdade?

14 :: Vivo a caridade, sei sofrer para ajudar a quem precisa de mim?

Partilho o que tenho com os irmãos ou sou egoísta?

15 :: Sou desapegado das coisas materiais, do dinheiro?

16 :: Sou guloso, vivo só para comer, ou como para viver?

17 :: Eu bebo sem controle? Deixo que o álcool destrua minha vida e desgrace a minha família?

18 :: Sou preguiçoso? Não trabalho direito? Deixo todas as minhas coisas jogadas e mal-arrumadas, se estragando?

19 :: Sinto raiva de alguém é não perdôo o mal que me fizeram? Desejo vingança contra alguém? Sou maldoso?

20:: Sou invejoso? Ciumento? Vivo desejando o mal para os outros?


O ser humano.

Alma vivente: ser, estar, mistério, imensidade, abismo, ondula agitável de perguntas, para quem a lua não tem crescente e nem minguante. O sol não tem alvorada e nem poente. A fonte do pensamento não possui uma nuvem no céu, a face dos pés não encontra repouso e o tempo é uma ilusão.  Carrega nas entranhas o dia; traz na cabeça o mar e sua casa navega sobre as ondas. Vela que carece ventos, leme que aspira a rota, sopro que viola as ondas, mãos indigentes de segurança.

Pe. Marcos Aurélio Ramalho

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Homilia de Encerramento da Assembléia geral do Vicentinos em Monte Alegre

A raiz do amor é o encontro com o mistério divino, amar é estar no coração de Deus.
Desde suas origens o mundo reverenciou em sua história a força do amor. Os poetas de variadas formas e tempos, voando nas asas da imaginação,quiseram, em suas palavras,traduzir,a origem, a causa e a finalidade de tudo o que há de grande, nobre e belo.
Os poetas nos falam da força do amor, mas, são os santos, os profetas de cada tempo, quem nos ensinam que a raiz do amor é o encontro com o mistério divino e que amar é estar no coração de Deus!
Ao término desta Assembleia, o Senhor quer fazer ecoar em nossos corações a sua Palavra- vem e segue-me (Lc 18,22).Esta é a proposta do Senhor, e, portanto, a prerrogativa do Reino.
Ao contemplarmos o verdadeiro significado do convite "Vem, e segue-me", evidencia-se que talvez tenhamos muito a aprender e muito a fazer antes de podermos cumprir plenamente esse mandamento. Seguir Jesusé voltar-se para Deus!
Impressiona-me como as atitudes de Jesus nos deixam inquietos, desconcertados, precisamente porque nos apresentam que a bondade e a justiça divinas superam os critérios humanos.E ainda, que nossos pensamentos estão muito longe dos pensamentos de Deus. Nunca alguém amou como o Senhor nos tem amado, e o Senhor não injusto por ser generoso!Aprender dele é consequência do nosso seguimento, e fazer é efeito da capacidade de amar.
Pedro depois de ter seguido o Senhor é por ele interpelado: Simão filho de João, tu me amas mais do que estes outros? Apascenta minhas ovelhas! (Jo 21, 17).Se já não é fácil amar a um Deus pobre, imaginemos amar a um pobre que não é Deus?!
Hoje, somos nós, os discípulos de Jesus, trabalhadores da primeira e da última hora,interpelados pelo mundo, profetas de um povo exilado no egoísmo. Homens e mulheres carregados de limitações,e a cada instante, chagados pela desilusão, mas,que colocados, pela infinita bondade de Deus, na história e na vida de muitas ou poucas pessoas somos chamadospara dar-lhes um novo alento, e quem sabe manter acesa a chama de umaexistênciaque ainda fumega. Apascenta as minhas ovelhas! Apascentaré comunicar o amor misericordioso de Deus que está perto de quem o invoca, com certeza Ele está muito perto de nós.
A Liturgia de hoje,no Santo Evangelho, nos ensina que o cristão deve surpreender o mundo pela sua bondade. E nasegunda leituraque a principal preocupação do evangelizador é dedicar-se à comunidade para que viva conforme o Evangelho.
São Vicente de Paulo compreendeu bem a proposta do Senhor e a prerrogativa do reino, e por isso mesmo, fez com que o mundo percebesse que todos, pelo mesmo direito, devem participar da bondade divina, que devemos superar tudo o que os homens consideram como justiça.
Defender a vida é sempre ir contra todas as ameaças que a mesma sofre pela morte que os homenscegamente têm cultivado.Defender a vida é acreditar em Cristo, falar de Cristo, alegrar-se em Cristo, pregar a Cristo, profetizar de Cristo, e porque, não dizer, viver de Cristo!
O testemunho de São Vicente nos ajuda a compreender que não podemos viver em um mundo sem ouvir e sentir do amor de Cristo por nós. Este, não é o assistencialismo fajuto que temos assistido em nosso País. O Brasil tem aos poucos criado uma sociedadede dependentes, e coniventes ao governo.O mundo precisa de dignidade e não de assistencialismo.
Dizia D. Luciano Almeida:o nosso paraíso é fazer a vontade de Deus.E qual é a vontade de Deus? Quea sua Salvação chegue a todos os homens; que voltemo-nos para Ele com todo o nosso coração, com toda a nossa força; que acolhamos o seu convite; que nossas relações sejam marcadas pela gratuidade, que coloquemos no centro da nossa existência Cristo Jesus. E que sejamos capazes fazercom que,em nossos gestos, o mundo sinta um ao menos, como dizem os mineiros, um “cadim” do amor de Deus.
Na raiz da nossa missão está o encontro com o mistério divino. Amar é estar no coração de Deus! Ele nos torna para os outros, renovação de esperanças e de recomeço.
Ao exemplo de Maria Santíssima, Mãe da Igreja, que somos nós,dirijamo-nos apressadamente ao encontro daqueles que mais ou que menos precisam de nós. Ninguém é tão pobre que nada possa oferecer e ninguém é tão rico que nada tenha que receber. (São Vicente de Paulo). Os poetas nos falaram da força do amor, mas, foram os santos quem nos ensinaram que a raiz do amor é o encontro com o mistério divino e que amar é estar no coração de Deus!Ao nosso Deus glória e louvor eternamente ao Deus de São Vicente.
Pe. Marcos Aurélio Ramalho.
18-09-2011

sábado, 3 de setembro de 2011

Homilia-Bodas de Prata Rosana e Pedro Lacerda 03-09-2011

Meus irmãos/as;
Na família de Nazaré, Deus se revela como ser humano. Desde que Deus escolheu habitar entre os esplendores do universo humano, a família humana torna-se, apesar de sua fragilidade, espaço sacramentado pela divina presença e ao mesmo tempo testemunha de tudo aquilo que Deus sonhou para a humanidade.
Jesus ao se encarnar no seio de Maria e ao deixar ser adotado por José abre para o homem e a mulher de todo e cada tempo uma nova perspectiva de vida. O homem e a mulher são chamados a serem instrumentos da graça divina.
A família torna-se, portanto, parte integrante e constitutiva do projeto de Deus. E por isso mesmo, passa a ser venerada pela Igreja, como bem mais precioso, que nasce do casamento eterno de Deus com a humanidade.
Vejam que tamanho merecimento do ser humano, no ventre da sagrada família, Deus se dá a conhecer em um mistério profundo de humanidade. A união de Deus com o homem é uma belíssima comunicação de seu amor. Deus nos ama e ao sermos amados, Ele nos ensina a ser família em seu amor.
A família é comunicação de um Deus-amor, um Deus que é Pai, um Deus que é Filho, é feliz quem acredita nesta revelação. Cristo Jesus é a Palavra eterna de Deus Pai, que nos agrega como família do pão repartido. Ele passa por nós e deixa-nos um sinal, sinal do amor de Deus.
Por tanto, ao celebrarmos as bodas de prata desta família, que celebremos o sinal do amor de Deus numa família humana edificado no matrimônio. Um amor atraente e exigente. Creio poder ser esta uma bela definição do que venha o ser matrimônio – amor atraente e exigente. Não deve ser somente exigente, mas também não pode ser apenas atraente. É preciso que estas duas realidades caminhem juntas. Penso vocês terem feito esta grande e essencial descoberta.
Para finalizar esta reflexão, peço a vocês que renovarem a aliança matrimonial, renove também entre vocês o dom de amar, de perdoar, de escutar, de dialogar, e de respeitar.
O matrimônio passa por dois momentos desafiantes: o primeiro tempo é do aprendizado, e o segundo tempo da cumplicidade. Creio ser o segundo o mais difícil, talvez seja mais fácil amar na aprendizagem do que na trivialidade da vida, pelo fato de tudo ser novo.
Bendito seja Deus pelo dom da vida de vocês que hoje celebramos.

Pe. Marcos Aurélio Ramalho

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Agradecimento

Aos apreciadores e colaboradores deste blog, o meu agradecimento e a minha Benção. Os textos por mim postados, em sua maioria, são pregações que fiz enquanto pároco nesta Paróquia. São, como dizem os escritores, elucubrações do pensamento de um jovem padre sertanejo à surdina da noite. Deles que ainda não fiz nem mesmo as devidas correções. Mas espero que possam de algum modo contribuir com os leitores. Que a Trindade Santíssima vos cubra de Bençãos.
Pe. Marcos Aurélio Ramalho

O ventre da ausência!

O ventre da ausência!

As marcas do pragmatismo histórico inseriram a existência humana na autovaloração das circunstancias, daquilo que é vil, transitório, efêmero. A inconstância dos valores instala em nós uma crise de identidade pessoal, que nos obriga “a caçar o significado profundo e complexo que lateja na medula da espécie humana”. Este jogo, que encobre frustrações e dissabores do paradoxo de uma existência dialética, expõe-nos, também, o medo que habita nosso coração. Medo do tudo, medo do nada, medo de nós mesmos!
O medo espalha em nós a sensação da perda. Perda daquilo que nem mesmo chegamos a possuir. Fixa em nós um sentimento enfadonho de vazio, de nadificação, de insegurança. E, no silêncio, ou no que pensamos ser silêncio, “uma das mais sublimes formas de falar a outra parte do nosso ser”; experimentamos o sabor e o dissabor da ausência. Ausência de alguém, ausência de algo. “De uma voz que não ouvimos, mas que continua falando dentro de nós”. Daquilo que encontrado, nos parecia ser essencial, parecia ser-nos a presença que daria ao nosso coração a significação necessária para a felicidade. Não obstante, vemo-la transformar-se em miragem, ilusão, ventre da ausência!
A ausência nasce dos escombros dos castelos de areia que edificamos. Percebido que é apenas areia tudo o que construímos e amamos, nos vem a sensação insuportável do abandono, do repúdio. Sentimo-nos completamente desinstalados, imergidos na solidão. E o que desejamos? Nada além da presença!
Aqui, “o vazio parece nos inserir no nada, na náusea da mais profunda descaracterização daquilo que somos”; em um gosto amargo de desamparo e frustração. E o que somos? Circunstâncias? Castelos de areia? Significantes? Não. Somos significado! Sim, significado significante! A singularidade do termo expressa o que somos. Ventre da presença! O vazio consegue descaracterizar apenas o que está em nós, a pluralidade, o que é transitório, os significados insignificantes, não o que somos. O significado permanece, é constante! Estamos vazios, mas não somos vazios! “E porque temos medo da companhia da solidão? Porque o silêncio da solidão nos coloca diante da nossa verdade”. O silêncio da solidão é a morada da verdade. “E a essência da verdade não depende de nós”. Tudo o que desejamos é não encontrar com a nossa individualidade, com a essência da nossa verdade. Dizemos que não, mas na realidade, temos medo de nós mesmos! Encontrar com um ser, totalmente singular indesejado e não reconhecer-se nele, ser-nos-ia sinônimo de frustração. O silêncio da solidão nesse aspecto é sim, frustração.
Então, “é possível dar sentido a vazios que nasceram em virtude de uma ausência?” Claro que não! Quem carece de sentido é o ser, e não o vazio. O vazio revestido de sentido deixa de ser vazio. O ser é a única verdade faltante que carece sentido e que o vazio não descaracteriza. É sempre presença, ainda que, oculta.
O vazio nasce do ventre da ausência. Nele, o que mais almejamos é a presença. Portanto, embora nos pareça paradoxal, no medo, o que mais ambicionamos é o nosso próprio ser. O sentido ao homem, e não aos vazios que nasceram das ausências, consiste no abandono integral do homem ao seu próprio ser, à gênese ontológica de sua existência. Presença que não passa! O vazio não deve ser concebido como limite ou fim, e sim, possibilidade de um novo acontecer.
Quem se deleita com o vazio é apenas a presença, por encontrar nele, abundância de espaço para habitar!

Pe. Marcos Aurélio Ramalho

Movimento impetuoso do ser!

Movimento impetuoso do ser!

Homem e tempo, duas realidades distintas e simultâneas, uma para além da outra, como a luz para noite e as trevas para o dia. O homem, sujeito criativo e transformador. O tempo, sujeito perspicaz e decantador da feracidade humana. Ambos em constante embate, dois apaixonados, gladiando-se um ao outro, de tal forma, que o homem parece ser tempo e o tempo parece ser homem.
Do desafiar-se mutuamente dá-se a história. Aglutinado de acontecimentos, conquista e desilusão, encontro e desencontro, síntese e antítese, ordem e caos, amor e ódio. Movimento impetuoso do ser para o que ele mais deseja. Paradoxo dialético de uma existência vulnerável. O homem e o tempo!
O homem, ícone de uma realidade transcendente, co-criador, está para além do outro e de si mesmo. É Tempo e Eternidade. Inteligência e Liberdade! E apesar de não esgotar-se em seu ego, é capaz de tornar-se sujeito, senhor do tempo e do espaço, aventureiro tênue! O homem é tempo.
O tempo embora sofra com a agressão transformadora do homem, vence-o, pelo desgaste, processo paulatino e imperceptível do crescimento e diminuição. E, quando pensa o homem celebrar o senhorio de sua emancipação, tudo o que lhe é fim torna-se começo. Porém, um começo, para o qual, não há mais tempo e nem forças. É o ánthropos submergido pelo chrônos. O Tempo é Homem.
A Flama da existência parece, sim, ter chegado ao término. O Homem ao mesclar-se com o tempo, já não mais existe, não mais está! Resta-lhe imergir na gênese ontológica de sua existência, e, como a fênix, renascer de suas próprias cinzas, egressar do tempo, do outro e de si mesmo, não mais para estar, porém, para ser. O estar foi apenas o prenúncio ingênuo e o padecimento prolongado do ser.
Esse constante exaurir do homem no tempo é o que uns chamam morte, outros, vida e ainda outros, a arte de amar. É o homem na busca da gênese ontológica de sua existência. É História! Mistério! É Vida!

Pe. Marcos Aurélio Ramalho

A maior conquista que ainda é preciso fazer é a do próprio ser. E a maior descoberta é de que este ser não pertence e não é dono de si mesmo.

A maior conquista que ainda é preciso fazer é a do próprio ser. E a maior descoberta é de que este ser não pertence e não é dono de si mesmo.

A história da humanidade nos dá a conhecer um homem de muitas conquistas e descobertas. No sentido pleno da palavra, o ser humano, ambiciona a muitas coisas. É ser por excelência da mais alta elevação. Sua maior ambição é a totalidade, ou seja, o que lhe integra e confere sentido pleno. Não tenho dúvidas de que o homem já tenha conquistado e descoberto muito. Não é de ver que conquistou até mesmo ao próprio Deus, que se fez um, semelhante a ele!
Diante disto poderíamos nos perguntar: O que mais seria possível ao homem conquistar e descobrir?
Não me seria absurdo afirmar: A maior conquista que ainda é preciso fazer é a do próprio ser. E a maior descoberta é de que tal ser não pertence e não é dono de si mesmo. Não nascemos para nós mesmos e muito menos para ser dono do outro. O outro é a nossa meta faltante, a quem tanto ambicionamos. Por esta metade faltante, somos impulsionados a deixar tudo, até mesmo pai e mãe!
Sair de si mesmo é amar. O amor é força agregadora que escapa ao sentimento e à razão; que exclama (exprime espanto, admiração); e ao mesmo tempo, interroga (sonda atentamente) os mistérios, o âmago da natureza humana. E revela-nos que o homem e a mulher carregam consigo as marcas profundas que os conduzem para além de si mesmos.
O amor é envolvente, mas é também exigente. Em muitas circunstancias lhes será preciso desafiar aos próprios desafios, a vocês mesmos, à suas próprias convicções. Amar é sinônimo de renúncia, aprendizado, coragem, liberdade, respeito, responsabilidade e, sobre tudo, fidelidade.
Alguns chamam tais exigências de sofrimento, cruz, mas, eu lhes pergunto: o que é o sofrimento para quem é jurado a morrer de amor?

Pe. Marcos Aurélio Ramalho
Pároco

Para vencer na vida, desafiam ao dissabor das más comodidades e saboreiam a esperança de um futuro promissor.

Para vencer na vida, desafiam ao dissabor das más comodidades e saboreiam a esperança de um futuro promissor.

O tempo deu para vocês a oportunidade para melhor compreensão e desenvolvimento de suas habilidades. Este período, que para muitos se assemelha à uma eternidade, lhes colocou em contato com o desconhecido e lhes permitiu aplicar a inteligência para aprender e desenvolver um raciocínio lógico. O corpo docente (os professores) se esforçou para colocar nas mãos de vocês um tesouro que não tem preço, quando, quis transmiti-lhes o conhecimento nas diversas modalidades.
O conhecimento abre para nós as portas, ou melhor, a janela de um mundo sem fim. Digo-lhes janela, porque tudo o que conhecemos e aprendemos, ainda é pouco, diante das escolhas que precisamos fazer.
Dizem os sábios; que por não sabermos o quanto vale um tesouro, não sabemos também aproveitar a oportunidade de tê-lo em nossas mãos. Nem todos vocês souberam ou saberão aproveitar o tempo e a preciosidade que lhes fora oferecidos; meu desejo é de que todos soubessem e aproveitassem.
Ao concluírem esta primeira etapa, vocês estão sendo colocados diante do mundo e da vida. O mundo das oportunidades, e a vida das conquistas. Cada oportunidade exigirá de vocês um mínimo de competência e responsabilidade. É preciso que saibam escolher, como também saibam saborear suas escolhas.
Ainda hoje me recordo agradecido, dos 56 professores que tive no período da minha formação; peço a vocês que se recordem sempre dos professores que tiveram. Eles, com a primeira letra do alfabeto nos introduziram, em um mundo que nem mesmo eles têm noção de sua grandeza.
Meus caros concluintes, cada formatura que tenho a oportunidade de celebrar, me vem à tona, as tantas vezes em que tive de vender picolé, dindin, engraxar sapatos, trabalhar no açougue, para comprar material de escola, e assim, chegar aonde cheguei.
Me recordo ainda, de um colega, ignorado pelo pai, inteligentíssimo, concluiu o ensino médio trazendo no seu boletim, 16 dez.
Filho de mãe solteira e pobre; que não tinha a mínima condição de comprar o material necessário para o seu estudo, e por nove anos, comprei, sem dizer nada a meus pais, o material suficiente e necessário para que nós dois permanecêssemos no Colégio. Hoje, me emociona ver na parede do JBC, o Colégio em que estudamos; a placa de formandos, e nela os nossos nomes.
É claro, meu esforço não é exemplo a ser seguido, nem se quer merece ser comparado ao de tantos jovens que migram para as cidades grandes; e lá se agrupam em pequenas quitinetes, conjugando trabalho e estudo, desafiando o dia e a noite e as condições improvisadas para se chegar a algum lugar.
Muitos deles se organizam de tal forma que enquanto uns descansam, outros trabalham, porque, a casa e a condição financeira são tão pequenas que impossibilitam a presença de todos no mesmo espaço e tempo. Eles não têm condição de pagar um lugar de maior comodidade. Por isso, para vencer na vida, desafiam ao dissabor das más comodidades e saboreiam a esperança de um futuro promissor.
É preciso ainda que recordemos os tantos jovens que ao concluírem o ensino médio, se esquecem que a vida precisa continuar, escolhem o mundo e os vícios: as drogas, hoje, mais visível, o mundo do craque. Estes são conduzidos à fatalidades e ao dissabor das péssimas escolhas.
Meus caros concluintes, o mundo nos dá oportunidades, e a vida das conquistas. Cada oportunidade, cada conquista, exigirá de nós um mínimo de competência e responsabilidade. É preciso que saibamos escolher, como também saibamos saborear as nossas escolhas.
Nas oportunidades, na sabedoria, na coragem de desafiar e vencer aos dissabores na esperança de um futuro promissor está mão de Deus, que nos conduz. Parabéns! Que Deus, lhes abençoe, hoje e sempre.


Pe. Marcos Aurélio
21-12-2010


Por tanto, se a família nasce do amor, ela deve está edificada no sacramento do matrimônio. Este é expressão máxima e conseqüente de uma livre vontade.

Por tanto, se a família nasce do amor, ela deve está edificada no sacramento do matrimônio. Este é expressão máxima e conseqüente de uma livre vontade.
A Família é um tesouro de grande valia. Ora, tesouro é um conjunto de riquezas de muito apreço; é algo que não se pode nomear. Toda família deve nascer de uma única e essencial realidade - o amor. Do contrário, ela deixa de ser verdadeiramente uma família.
Não é raro, ver entre nós, famílias que perdem a força de amar sem medidas; a cada instante, marido e mulher que se traem e traem seus filhos. Não é raro ver o ciúme matar a certeza do amor entre os dois.
Meus caros noivos, se a família nasce do amor, ela deve está edificada no sacramento do matrimônio. Este é expressão máxima e conseqüente de uma livre vontade.
É Deus mesmo quem nos ama por primeiro, antes de nos ensinar que devemos amar. Essa é a grande verdade! Deus nos amou e continua a nos amar fielmente antes de nos ensinar que devemos amar. Isto é admirável! Contemplar este amor que dilata o coração do ser que ama e do ser amado, e se coloca como seu fiel aprendiz. Vocês experimentaram isso no namoro e com certeza experimentarão na vida conjugal.
Ninguém se casa obrigado. Ora, quem é livre para escolher, deve também o ser também para saborear as suas escolhas. Eu lhes pergunto: vocês casam-se pela própria vontade?
Pela bela realidade do amor o homem e a mulher se sentem fortemente convidados a formar uma família. Neste sentido, o amor está para além do apenas sentimento, é encontro. É relação entre duas pessoas, entre dois seres, de qualidades diferentes, que vivem um para o outro, num só ideal, num só objetivo: amar e respeitar, na saúde e na doença, na tristeza e na alegria, ou seja, em todos os momentos da vida. Amar é sinônimo de reciprocidade, de cumplicidade!
Amar é reconhecer a própria identidade. Não se pode reconhecer aquilo que é falso, ilusório, ou mentiroso. A traição é em nossos dias, a negação da própria razão de ser do homem e da mulher.
Peço a vocês: Não neguem a si mesmos. Pelo matrimônio, vocês carregam nos ombros a graça de um Pai, sejam um para o outro, um céu de ternura, aconchego e calor, para que os filhos conheçam em vocês a força que brota do amor.
Somente o que é verdadeiro permite o entendimento, e torna possível a interatividade entre duas pessoas que se tornam pelo “mistério” do matrimônio, realidade encharcada da Divina Presença, um só corpo e uma só alma. Vocês têm uma história bonita e semelhante; o mais o bonito desta história é que ela foi assinalada pela fidelidade de um para com outro.
Que Deus, nosso Pai, lhes conserve no seu amor. Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos.

Pe. Marcos Aurélio Ramalho
08-01-2010

Somos colaboradores de Deus – São Paulo nos convida a acolher este Dom.

Somos colaboradores de Deus – São Paulo nos convida a acolher este Dom.
Se aceitarmos que somos colaboradores de Deus, podemos dizer que somos pessoas convertidas. E por isso mesmo, a Salvação do Senhor se faz conhecida. Cantemos a Senhor Deus canto novo por que ele faz prodígios.
E quando isso poderá acontecer? Quando acolhermos a Palavra Divina. Ela é a força que transforma nossa vida. Acreditemos!
A Palavra Divina aos poucos tem chegado no coração de Monte Alegre e por isso mesmo, lhe transformado. Não sei se já me acostumei, o que acho difícil para um Arraiano, ou se é uma boa impressão da minha parte, mas, sinto que desde que cravamos na praça a Igreja o cruzeiro exorcizado, o clima de Monte Alegre ficou menos tenso.
Os Católicos parecem ter mais alegria, a Igreja parece está mais viva! Isto é o sinal de que o Evangelho que está sendo lançado, aos poucos tem sido fecundado.
Meus irmãos, a cruz ainda é o maior sinal da nossa Salvação. Parabéns aos foliões que reconheceram e louvaram com maestria a cruz do Senhor plantada na praça.
Mas nem por isso devemos fechar os olhos, e colocar todos como cordeiro. Em nosso meio existem muitos que se escondem por detrás das máscaras, pensando disfarçar as suas segundas intenções.
Vivemos num ambiente ofuscado por imagens e aparências, mas não há nada de escondido que não venha a ser revelado.
Meus irmãos/ as; não recebamos em vão a graça de Deus. Guardar os ensinamentos Divinos é a certeza de um céu aqui mesmo e depois.
Meus caros festeiros de 2011, como foram bons estes dias de convivência, minha casa se tornou a casa de vocês, a suas casas a minha. Deus seja louvado! Cada instante da nossa vida deve ser completo pela presença de Deus. Viver isto é sabedoria cristã.
A fé traduzida em obras concretas revoluciona, e mais que isso, nos Transforma e nos conduz à liberdade de cristãos. Cristo nos pede respostas novas e criativas. Obrigado por ter dado a Ele esta resposta.
A caridade é uma aventura que nos conduz a novas descobertas. Vale à pena descobrir novas formas de viver de a fé.
Podemos até ter aprendido – olho por olho, dente por dente, mas, é preciso e urgente, novas atitudes, respostas diferentes e atraentes. A mesmice mata!
Meus irmãos e irmãs; é chegado a quase um ano da minha breve estada entre vocês; desde que aqui cheguei, tenho buscado na pobreza da minha criatividade, dar o melhor de mim a vocês e digo lhes que o que vocês tem feito, não tem sido e não deve ser a mim, mas à Igreja de vocês.
Repito o que já vos preguei e acredito; na Igreja não pode existir mesquinhez. Esta é o maior pecado de muitos.
Não sejamos católicos piratas ou fantasmas, de temporadas, descomprometidos, tomemos atitudes de verdadeiros filhos de Deus.
Quero no final desta pregação agradecer a todos que colaboram em todos os modos com a Igreja, neste festejo, não vou citar nomes pra não correr o risco de ser injusto com alguém. Todos têm, diante de Deus, a mesma dignidade, quem pode doar um alfinete ou quem pode oferecer um boi búfalo. Foi por isso mesmo é que tirei da corneta o anuncio das prendas. O que a mão direita faz a esquerda não precisa saber. Deus nos conhece, ele não precisa das nossas aparências. Com mesma intensidade quero parabenizar aos casais que contraíram matrimônio, e as famílias que batizaram seus filhos na ocasião dos festejos de Santo Antônio. Deus seja louvado e viva Santo Antônio!

Pe. Marcos Aurélio Ramalho
13-06-2011

Desde suas origens o mundo reverenciou em sua história a força do amor.

Desde suas origens o mundo reverenciou em sua história a força do amor.
Vim de longe para participar da alegria de vocês, ou melhor, vim, não porque sou de longe, mas pelo fato de ser de perto. Nossas histórias se convergem de muitos modos. Creio poder dizer-lhes – crescemos juntos.
Desde suas origens o mundo reverenciou em sua história a força do amor. Os poetas e poetizas de variadas formas e tempos, voando nas asas do sentimento quiseram traduzir em suas palavras, a origem, a causa e a finalidade de tudo o que há de grande, nobre e belo; La fuerza del amore!
Os poetas falaram da Força do amor, mas, o mundo os traiu nas suas convicções, ao acreditar ser a beleza a mãe do amor. Transformou de tal modo, a Força do amor em Revolução do amor.
Não raro em nossos dias, os casais que traem á suas convicções, traem a si mesmos, negam a força do amor, que se edifica no matrimônio, e, consolida-se, sobretudo na fidelidade. Por um compromisso esportivo, que a semelhança de uma partida de futebol, termina em dois tempos de quarenta e cinco minutos, ou, quando muita tarda, em alguns minutos de acréscimos.
O amor é a força que cria, e, a beleza que dá expressão aos olhos, a graça do corpo e charme ao espírito.
O amor é envolvente, mas é também exigente. Em muitas circunstancias lhes será preciso desafiar aos próprios desafios, a vocês mesmos, à suas próprias convicções. Amar é sinônimo de renúncia, aprendizado, coragem, liberdade, respeito, responsabilidade e, sobre tudo, fidelidade.
Pela bela realidade do amor o homem e a mulher se sentem fortemente convidados a formar uma família. Neste sentido, o amor está para além do apenas sentimento, é encontro. É relação entre duas pessoas livres, entre dois seres, de qualidades diferentes, que vivem um para o outro, num só ideal, num só objetivo: amar e respeitar, na saúde e na doença, na tristeza e na alegria, ou seja, em todos os momentos da vida. Amar é sinônimo de reciprocidade, de cumplicidade!
Amar é reconhecer a própria identidade. Não se pode reconhecer aquilo que é falso, ilusório, ou mentiroso. A traição é em nossos dias, a negação da própria razão de ser do homem e da mulher.
Peço a vocês: Não neguem a si mesmos. Somente o que é verdadeiro permite o entendimento, e torna possível a interatividade entre duas pessoas que se tornam pelo “mistério” do matrimônio, realidade encharcada da Divina Presença, um só corpo e uma só alma. Ninguém se casa obrigado. Mas, quem é livre para escolher, deve também o ser para saborear as suas escolhas.
Que Deus, nosso Pai, lhes conserve no seu amor. Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos.

Pe. Marcos Aurélio Ramalho
25-06-11




O homem, milagre eterno do Amor infinito, Deus.

O homem, milagre eterno do Amor infinito, Deus.
Desde suas origens, as mais remotas, a humanidade é movida por um fenômeno desconcertante, ou seja, por um movimento que a conduz para além de si mesma. Tal fenômeno, denominado conhecimento, insere o homem e a mulher de cada tempo numa condição transcendental que se realiza na história.
A busca do conhecimento é ainda uma verdade imutável de todos os tempos, que, revelou e continua a nos revelar os grandes gênios da história.
Nos braços deste fenômeno, o mundo se torna cada vez menor, e, ao mesmo tempo demasiado. Nos braços do conhecimento, o mundo é uma criança, conduzida por sua mãe, em seus primeiros passos na direção à liberdade. Conhecer é como caminhar, caminha para ser livre e livre é quem caminha!
O homem é o milagre eterno do Amor infinito, Deus. Por ele, Deus, livremente, criou o mundo, se fez imagem, elegeu uma raça, tornou-se homem e se humilhou a ponto de morrer numa cruz, e, julgando isto ser insuficiente, ressuscitou para eternizar tal milagre.
Do esvaziar-se do Logos Eterno, Deus, transbordou ao homem a beleza insondável que é o saber. Do esvaziamento do homem reflete no mundo o conhecimento, itinerário que o conduz à liberdade; e pressuposto que faz da raça humana a única a perguntar pelo mistério e o sentido da Existência e do Ser.
Ao som do conhecimento racional, o homem, imaginou o céu, pintou o inferno, matou deus, e prendeu demônios. Desbravou as águas, dominou os ares, globalizou a terra, penetrou o corpo humano, duvidou dos seus próprios limites e criou o mundo da técnica e da velocidade.
Não obstante, uma consideração, o mundo das ciências mecânicas e quânticas, grita por uma nova descoberta – a descoberta do homem como ser humano, como milagre eterno do Amor infinito que é Deus. Não podemos negar: o mundo da técnica e da velocidade é também um mundo chagado pelo egoísmo que descaracteriza a própria raça humana.
O ser humano é determinação existencial, é outro de um outro, é outro para o outro, que se realiza na história. Sua condição transcendental lho remete para além de si mesmo, e indica que tal ser humano, só pelo fato de existir, é expansão de um amor infinito, que se fez humano, de quem ele mesmo é Imagem e semelhança.
Meus caros amigos, o quero lhes dizer nesta noite única na vida de vocês: é que vocês podem ser muito mais do que foram até aqui. Vocês são chamados à experiência de Deus em suas vidas e em seus pensamentos. E mais do que pedagogos, vocês podem ser humanos – expansão de um amor infinito que nos faz divinos.

Pe. Marcos Aurélio Ramalho

Da grandeza dos olhares da mãe e do filho, nasce rosário de Maria.

Da grandeza dos olhares da mãe e do filho, nasce rosário de Maria.
Ao comtemplarmos a história desta bicentenária tradição, de Josefa Ribeiro da Costa à Cléia de Moura Pereira e de Joaquim Rodrigues Beltrão à Marcos Takahashi, recordamos que cada capítulo deste livro de ouro carrega em si um ato de amor e de bravura daqueles que o edificaram.
Esta Igreja de Santo Antônio é o maior e mais belo testemunho desta gente que aprendeu a celebrar sob o manto e o olhar de Maria Santíssima, as grandezas do amor de Deus por nós.
Maria é o grande sinal que nos convida, para, na simplicidade do seu rosário, redescobrir o rosto de Cristo, redescobrir, a nossa Fé, a nossa Tradição e a nossa Cultura.
Digo-lhes nossa, porque, embora que adotivo, já me vejo inserido entre os devotos da Virgem do Rosário. Pois, o amor de Nossa Senhora que transborda no coração dos filhos desta Terra, contagia aqueles que por ela passam, por mais ou menos tempo.
Meus Irmãos/as;
Uma vez mais, celebramos o Reinado da Senhora do Rosário, com Maria, aprendamos a amar Jesus, a Palavra eterna de Deus, o Amor sem limites que se doou na cruz e se fez Eucaristia.
Maria, a mulher simples de Nazaré, pelo fato de ter sido a primeira mulher a contemplar o rosto de Deus na história, no fruto do seu ventre, é hoje, a Estrela de Belém e Rainha de Monte Alegre, que nos leva de encontro à Absurda e Eterna bondade de Deus – Jesus Cristo – O Redentor do mundo.
No ventre de Maria, Deus nos revela que a notícia da salvação é antes de tudo, um acontecimento de amor.
Acredito-me, e tenho certeza que cada rei e cada rainha de Nsª Srª dizem o mesmo; esta tradição que tem desafiado os limites do tempo, à mudança de época e ao modernismo exacerbado, é, antes de tudo, um acontecimento de amor. Amor de quem acolhe em si mesmo outra pessoa, amor de quem oferece de si o melhor, e, portanto, amor doação!
Mergulhemos, pois, neste Amor que nos envolve desde as nossas origens e aprendamos a amar com a ternura e a largueza do coração de Maria que nos capacitam para construir o Reinado de Cristo.
Como é belo, ver o Deus Menino, o Filho, descobrir no olhar de Maria, o rosto da mãe. E Maria, a Mãe, descobrir no olhar do Filho, o face de Deus. Entre Maria e Jesus, existe uma comunhão física, afetiva, psicológica, espiritual; na mãe e no filho bate o coração da vida.
Como é belo ver cada filho de Monte Alegre, cada rei, cada rainha, descobrir no olhar de Maria, o rosto de Mãe e Maria, nesta tradição o olhar dos filhos.
Meus irmãos/as; da grandeza dos olhares da mãe e do filho, nasce rosário de Maria. O rosário é a recitação simples e profunda da mensagem evangélica. Com ele, o povo cristão aprende com Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade do seu amor.
Desde os primórdios, cada povo é envolvido por uma força que dinamiza o seu jeito de ser e estar no mundo. A História humana por ter sido a mais beneficiada, torna-se, portanto, a mais autêntica testemunha do inigualável patrimônio, que denominamos: Fé, Tradição e Cultura - Complexo de riquezas antropológicas que caracterizam o Ser pessoa de cada homem e o distingui de qualquer outro ser de todos os tempos.
Em contra partida, a mesma história, é também, testemunha do agressivo acontecimento que esvazia a fé do seu sentido próprio e a transforma em apenas cultura.
Tal fenômeno; é como o vômito da serpente que submerge, ridiculariza a fé, e menospreza a cultura, pois as tornam obsoletos, na medida em que as define como apenas conservação de coisas ou costumes antigos. A cultura e a Fé é a dinâmica criativa e, portanto, participativa, que desemboca no crescimento integral da pessoa humana. Jamais devem ser compreendidas como apenas conservação excludente de patrimônios antigos.
O homem é ser para o seu tempo e por isso deve transcender aos fatos que compuseram a sua história, o que não significa necessariamente ter que abandoná-los. O maior desafio do nosso século é justamente a re-significação dos valores sem perder de vista o que é essencial.
A fé que o mundo prega não nos serve de nada; Não transforma nada e não inclui a ninguém!
O mundo tem se tornado palco do conservadorismo exacerbado que não nos revela outra realidade senão, a exclusão da criatividade e, portanto, do nosso próprio modo de ser.
E quando isto se mistura com a fé, o dano é ainda maior, pois, a fé se torna exibicionismo, sentimento de poucos! Somente daqueles que podem se exibirem. Para uma fé exibicionista não existe lugar para Deus, o homem é o deus da fé que ele mesmo a exibi.
Dizer da Fé, da Tradição e da Cultura, é sem dúvidas, dizer ao homem de si mesmo; no tocante à sua história: seu modo de ser, estar e evoluir. O conservadorismo diz do ser e do estar, mas não diz do evoluir, por isso é manco. Quando definimos a cultura e tradição como apenas aglutinados de costumes ou coisas antigas, retiramos desta belíssima dimensão que constitui o homem, o que há de mais belo: a continuidade!
Em meio a tanto, Maria é o grande sinal que nos convida, para, na simplicidade do seu rosário redescobrir o rosto de Cristo, redescobrir, portanto, a nossa Fé, a nossa Tradição, a nossa Cultura.
Não posso terminar está pregação sem dizer-lhes da minha gratidão, pelo zelo e respeito, que me tem sido dispensado pelos filhos desta Terra, residentes ou não nesta cidade.
Oh, Maria, Mãe de Deus e da Igreja, Nossa Mãe, Virgem do Rosário, dai-nos um coração sábio e dócil, um coração novo e bom, um coração simples e puro, um coração forte e vigilante para comtemplar o rosto de Deus e celebrar de geração em geração, as maravilhas do seu amor e a santidade do seu nome. Amém.



Pe. Marcos Aurélio Ramalho
Monte Alegre 23-07-11

Sobre Maria nunca se falará o bastante"

Maria: primeiro sacrário de Jesus na terra

“ Ó Maria, Virgem Imaculada, cristal puro para o meu coração, Tu és minha força, ó âncora firme, Tu és o escudo e a proteção do coração fraco.
Ó Maria, Tu és pura e incomparável, Virgem e Mãe ao mesmo tempo, Tu és bela como o sol, sem mancha alguma.
Nada pode se comparar com a imagem da tua alma.
Tua beleza encantou o olhar do Três Vezes Santo, que desceu do Céu, abandonando o trono da sede eterna, e assumiu o corpo e o sangue do teu coração, por nove meses ocultando-se no coração da Virgem.
Ó Mãe Virgem, ninguém compreenderá que o Deus incomensurável se torne homem, e apenas por Seu amor e Sua misericórdia insondável, por ti, ó Mãe, nos foi dado viver com Ele pelos séculos.
Ó Maria, Mãe virgem e Porta do Céu, por Ti nos veio a salvação, e toda graça flui para nós por tuas mãos, e apenas a fiel imitação de ti me santificará.
Ó Maria Virgem, lírio mais belo, teu coração foi o primeiro sacrário de Jesus na terra, e só porque a tua humildade foi a mais profunda, foste levada acima dos coros dos Anjos e dos Santos.
Ó Maria, minha doce Mãe, entrego-te minha alma, meu corpo e meu pobre coração, seja a guardiã da minha vida, especialmente na hora da morte, na última luta”

CARREATA DE NOSSA SENHORA D'ABADIA 2011

Divina Misericórdia

Jesus Misericordioso disse a Faustina:

"Lembro-te, Minha filha, que todas as vezes que ouvires o bater do relógio, às três horas da tarde, deves mergulhar toda na Minha misericórdia, adorando-A e glorificando-A.
Implora a onipotência dela em favor do Mundo inteiro e especialmente dos pobres pecadores, porque nesse momento foi largamente aberta para toda a alma.
Nessa hora, conseguirás tudo para ti e para os outros.
Nessa hora, realizou-se a graça para todo o Mundo: a misericórdia venceu a justiça.
Minha filha, procura rezar, nessa hora, a Via-sacra, na medida em que te permitirem os teus deveres, e se não puderes fazer a Via-sacra, entra, ao menos por um momento na capela e adora o Meu Coração, que está cheio de misericórdia no Santíssimo Sacramento.
Se não puderes sequer ir à capela, recolhe-te em oração onde estiveres, ainda que seja por um breve momento.
Exijo honra à Minha misericórdia de toda criatura, mas de ti em primeiro lugar, porque te dei a conhecer mais profundamente esse mistério"

(Diário, 1572).

História da Medalha Milagrosa

“No dia 27 de novembro de 1830, que era o sábado anterior ao primeiro domingo do Advento, às cinco e meia da tarde, em Paris França, estava eu fazendo a meditação em profundo silêncio quando me pareceu ouvir do lado direito da capela um rumor, como o roçar de uma roupa de seda. Ao dirigir o olhar para aquele lado, vi a Santíssima Virgem na altura do quadro de São José”.

A sua estatura era mediana, e tal era a sua beleza que me é impossível descrevê-la. Estava em pé, a sua roupa era de seda e de cor branca-aurora, feita, como se diz, “à la vierge”, isto é, bem fechada e com as mangas simples. Da cabeça descia um véu branco até os pés. O rosto estava suficientemente descoberto, os pés se apoiavam sobre um globo, ou melhor, sobre metade de um globo, ou pelo menos eu vi somente a metade. Suas mãos, erguidas à altura da cintura, seguravam de modo natural um outro globo menor, que representava o universo. Ela tinha os olhos voltados para o céu, e o seu rosto se tornou resplandecente enquanto apresentava o globo a Nosso Senhor. De repente, seus dedos se cobriram de anéis, ornados de pedras preciosas, uma mais bela do que a outra, algumas maiores, outras menores, e que emitiam raios luminosos.

Fazendo-me compreender o quanto é doce invocar a Santíssima Virgem e o quanto Ela é generosa com as pessoas que a invocam; e quantas graças Ela concede às pessoas que a procuram e que alegria Ela sente em concedê-las.

Naquele momento eu era e não era... Estava exultante. E então começou a se formar ao redor da Santíssima Virgem um quadro um tanto oval, sobre o qual, no alto, numa espécie de semicírculo, da mão direita para a esquerda de Maria se liam estas palavras, escritas com letras de ouro: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

Então ouvi uma voz que me disse: “Mande cunhar uma medalha conforme este modelo; todas as pessoas que a carregarem, receberão grandes graças; leve-a principalmente no pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a carregarem com confiança”.

No mesmo instante pareceu-me que o quadro virou e eu vi o reverso da medalha. Havia o monogramo de Maria, isto é, a letra “M” com uma cruz em cima e, como base dessa cruz, uma linha grossa, ou seja, a letra “I”, monograma de Jesus. Sob os dois monogramas haviam os Sagrados Corações de Jesus e de Maria, o primeiro rodeado por uma coroa de espinhos e o segundo traspassado por uma espada”.

Interrogada mais tarde se além do globo, ou melhor, além da metade do globo, ela tinha visto outra coisa sob os pés da Virgem, Catarina Labouré respondeu que havia visto uma serpente de cor esverdeada com manchas amarelas. Quanto às doze estrelas que circundam o reverso da medalha, “é moralmente certo que essa particularidade foi indicada à viva voz pela Santa, desde a época da aparição”.

Nos manuscritos da vidente encontra-se também esta particularidade, que é muito importante. Entre as pedras preciosas havia algumas que não emitiam raios. Enquanto se espantava, ouviu a voz de Maria que dizia: “As pedras preciosas das quais não saem raios são símbolo das graças que não me foram pedidas por esquecimento”.

Em 1832, dois anos após as aparições, o pedido de Maria foi atendido e a Medalha foi cunhada. Uma das primeiras pessoas a recebê-la foi a Irmã Catarina, a qual, logo que a teve entre as mãos, a beijou várias vezes com afeto e disse: “Agora é preciso difundi-la”.

A Medalha, num certo sentido, se propagou por si. As graças e os milagres, obtidos seja em benefício das almas, seja em benefício dos corpos, foram tantos e tão evidentes que, em pouco tempo, a Medalha foi chamada de “milagrosa”.

Jaculatória da Medalha milagrosa
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós e por todos quantos não recorrem a Vós, especialmente pelos inimigos da Santa Igreja e por todos quantos são a vós recomendados.

http://www.salverainha.com.br/

Consagração a Nossa Senhora

Ó minha Senhora, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós, e em prova de minha devoção para convosco, eu vos consagro neste dia meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e inteiramente todo o meu ser.
E como assim sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e, defendei-me como coisa e propriedade vossa.
Amém.

Magnificat

O Poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu Nome
A minha alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus, meu Salvador.
Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu Nome Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem.
Manifesta o poder de seu braço, dispersa os soberbos, derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes.
Sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada.
Acolhe Israel seu servidor fiel a seu amor, como havia prometido aos nossos pais em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.
Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo como era no princípio, agora e sempre. Amém.